sexta-feira, 31 de agosto de 2012


Vocação, Sim de Amor à Vida


Quando ouvimos a palavra “vocação”, vem logo à nossa mente o chamado para uma vida específica como a religiosa, sacerdotal, matrimonial, etc. Temos tendência a pensar logo na dimensão religiosa. No entanto, a vocação, entendida como chamado de Deus é muito mais ampla e abrange todas as esferas do nosso ser.

Pensemos, então, no chamado à existência. Se existimos é porque o Criador nos convidou a aportar no existir e nos premiou com qualidades humanas que são os traços que carregamos desde a concepção e que vão se desenvolvendo. A vocação primeira é ser pessoa humana. Ora, são as nossas características próprias que nos configuram com seres humanos. Temos um corpo, um cérebro, um psiquismo próprio dos humanos. Por isso, sentimos, pensamos e agimos humanamente. Ninguém escolheu nascer. Ninguém escolheu a própria cor, o lugar de origem, pais, irmãos, língua materna, etc. Tudo isso é dado gratuitamente e vem junto ao chamado à existência. Diante, pois, deste imenso dom da vida humana, cabe a cada um acolher, agradecer e valorizá-lo, desenvolvendo-se e sendo feliz.

Diante de todo chamado é posto a oportunidade de resposta. Dizer sim à vida é a resposta mais natural e legítima de cada ser. Todo homem e toda mulher Carrega no seu interior o potencial para dizer este SIM. Evidentemente cada um foi apoiado pelos pais que o geraram, cuidaram e orientaram. Quanta gratuidade em tudo que envolve a vida do ser humano! Apesar de tudo isso, quando cada um toma consciência do que se é assume a própria responsabilidade de crescer e dar sua resposta original, única e plena de criatividade à vida. Neste momento se procura corresponder às próprias aptidões e tendências, escolhendo no meio deste universo de possibilidades àquelas mais adequadas ao próprio ser. Viver é, pois, a vocação primeira e fundamental. As outras vocações dela decorrem e nela se sustentam. É o amor à vida que possibilita empenhar-se em tantas outras dimensões da existência humana.

Depois, há outras possibilidades de cada um concretizar neste mundo o seu existir. Aí vêm as escolhas mais específicas: viver como cristão, seguindo Jesus Cristo, optando pelo seu ensinamento que humaniza e cria a maravilhosa possibilidade de ser construtor de um mundo justo, fraterno, solidário e pacífico. A vocação cristã é, sem dúvida, gerada na fé e no sonho de protagonizar o evento sublime de edificar a Família de Deus, em Jesus Cristo e no Espírito Santo. A vida cristã é fruto da fé e da opção de viver como Jesus viveu.

No horizonte religioso são muitas as possibilidades de viver a fé. A mais abrangente é a vida batismal destinada a todos os cristãos. Todo batizado é filho de Deus, chamado a viver como Cristo viveu. Aqui o referencial é Jesus Cristo. Todos olham para Ele e procuram compreender o seu ensinamento e confiar no poder de sua Palavra e de sua presença. Jesus Cristo é luz, sabedoria do Pai, Palavra do Pai para todos os seus irmãos. Quem escuta Jesus Cristo e vive de acordo com sua Palavra é de verdade cristão e participante da sua família, que é a Igreja.

Também muitos batizados optam pela vida matrimonial. Este é um dom particular de Deus. O homem e a mulher se unem para constituir família e gerar vidas, participando da criação divina. O matrimônio é uma bênção! Ao dizer isso, penso na família como união dos cônjuges, dos filhos e a alegria que estes proporcionam aos pais, juntamente com tudo que a vida familiar atrai de belo e bonito.

No meio da Família de Deus, muitos são chamados para servir, animar, evangelizar, dando testemunho do amor do Pai. A vocação sacerdotal e religiosa tem esta função específica. Quem se sente chamado a este serviço na Igreja, diz sim e empenha seu viver para atender à demanda do Povo de Deus. Deus mesmo quis se servir de alguns dos seus filhos para organizar sua família, dando-lhe condições de ser caminho de realização e santificação. Os ministros ordenados e consagrados colaboram com o projeto do Pai a fim de que sua família caminhe neste mundo conforme seu plano de amor.

Finalmente, entendemos vocação em ordem ao chamado divino. Que neste mês de agosto, aprofundemos o sentido da vocação humana, cristã, matrimonial e religiosa, tornando-nos servidores do Deus da vida. 

quinta-feira, 30 de agosto de 2012

quarta-feira, 29 de agosto de 2012


VOCAÇÃO OU DOM NATURAL?


“Vocação é como um jogo de quebra-cabeça. À medida que a pessoa encontra os pedaços adequados e progressivamente vai formando o quadro, se sente estimulada a prosseguir. Ao concluir a montagem, sente o sabor da vitória alcançada e a gratificação da obra realizada”. Bem. Esta definição comparativa e explicitativa da vocação não é minha. De todo modo pode ser uma boa “chave de compreensão” para quem deseja compreender o que é uma vocação.
O termo ‘vocação’ vem da língua latina, do verbo “vocare”. Vocação se traduz por ‘chamado’. Este termo é usado em diversos sentidos, pois seu significado se abre como as muitas e diferentes palhetas de um belo leque.

Vocação ou dom natural?
Algumas pessoas chamam de ‘vocação’ os dons naturais congênitos dados por Deus às pessoas. Por exemplo: o dom de pintar, de esculpir, de desenhar, de cantar, de composição musical, de tocar instrumento musical, de escrever com arte, de falar com perfeição, de dramaturgia, de algum esporte específico etc. etc. Em última análise, esses dons procedem de Deus Pai, devem ser cultivados e colocados a serviço do bem das comunidades e das pessoas. Pergunta-se: são vocações, são dons naturais especiais, ou são carismas? Talvez a designação não seja muito importante. Significativo é desenvolver este pendor e colocá-lo a serviço do bem comum.
Pessoalmente prefiro chamar de “dons naturais”, congênitos, a essas capacidades especiais e personalizadas, embutidas na própria natureza da pessoa. Em sentido muito amplo, e analisados a partir do doador, Deus Pai, que os concede para que a pessoa os coloque a serviço do bem de todos, poder-se-ia, talvez, chamá-los de “vocação”.
O leitor tem aqui a possibilidade de avançar na reflexão e optar por uma definição mais pessoal.

Vocação e realização
Quando alguém consegue encontrar todas as peças e chega a montar um grande jogo de ‘quebra-cabeça’, tem a grata sensação de vitória alcançada, e de gratificação por ver que aquele amontoado de pecinhas se tornou um belíssimo quadro. Não é exatamente assim que se sente aquele de abraçou sua vocação e a fez uma fonte de bem para seus irmãos?...
Quando alguém caminha em sua vida com o coração aberto para Deus e para o amor dos irmãos, algum dia poderá sentir uma misteriosa voz interior, chamando, chamando, convidando para alguma missão. Quando esse coração der ouvidos à voz que chama, prestar atenção ao convite, der uma resposta positiva e se empenhar para cumprir a missão recebida, encontrará muito mais sentido em seu viver, descobrirá a alegria e a grandeza de poder servir a Deus na pessoa dos irmãos, fará um grande bem a muita gente, será uma bênção para a comunidade e, ele mesmo, perceberá o valor maior de sua vida, feita ‘dom’ para os irmãos.
Vocação é um ‘quebra-cabeça’?... Sim! Mas só até o momento de reconhecer, assumir e realizar a missão confiada por meio da vocação. Depois, ‘vocação é realização’!... “Realização-cumprimento” diário da missão recebida e assumida, e “realização-felicidade” do coração, por cumprir a missão

terça-feira, 28 de agosto de 2012


MÊS VOCACIONAL: A CADA DOMINGO DE AGOSTO CELEBRAMOS UMA VOCAÇÃO ESPECIAL
“Eu sou o pão da vida”  (Jo 6,24-35)
Agosto é é celebrado em todo o país, por feliz iniciativa da CNBB desde muitos anos, como o mês escolhido para refletir sobre as mais variadas vocações de cada batizado. A palavra é originada do verbo latim “vocare”, que significa chamar. O mês vocacional tem sua origem logo após o Concílio Vaticano II. Com o objetivo de despertar a consciência das comunidades para a responsabilidade, num período de crise das vocações, Dom Aloísio Lorscheider, então bispo de Novo Hamburgo, no Rio Grande do Sul, instituiu uma comissão para criar um diretório vocacional para a diocese. Em 1970 surgia a primeira experiência do mês vocacional no Brasil. Esta iniciativa deu certo e, em 1981, a Assembléia Geral da CNBB instituiu o mês de agosto como mês vocacional para todo o Brasil. Assim, vocação é um convite divino para o amor de DEUS, que ensina a sabedoria do bem viver. Todos têm uma missão, uma vocação para fazer da vida um hino de louvor à Santíssima Trindade. Somos chamados a amar o Pai acima de tudo e a acolher o outro sem distinção, num esforço contínuo na busca da santidade e no desejo de se tornar gradativamente uma pessoa iluminada, abençoada e redimida. Faz-se necessário recordar, ainda, o seguinte: o mês vocacional foi instituído para dinamizar o trabalho em favor das vocações.
Jesus sabia que o povo estava atrás dele por causa do milagre dos pães. Sabia também que queriam fazê-Lo rei, mais o seu reino não é deste mundo, e o que Ele lhes propõe é que trabalhem pelo alimento que permanece para a vida eterna. Este trabalho é a obra de Deus, a evangelização que Jesus realiza e que nós devemos continuar, para isso Jesus nos deixa seus discípulos que são, nos dias de hoje, os seus consagrados, de modo especial, os sacerdotes. Ouvir este chamado e escutar a voz de Deus consistem em fazer a vontade do Pai, dar vida para salvar este mundo do pecado para que todos, de preferência, mereçam um dia a vida eterna. O que nós precisamos fazer, segundo a explicação de Jesus hoje, é buscar o verdadeiro pão caído do céu que é Jesus, aquele que se fez alimento para a nossa salvação e que nos foi  dado pelo Pai, porque esse é o alimento que permanece para a vida eterna, e que nos guarda para a vida eterna. “Quem come a minha carne e bebe o meu sangue terá a vida eterna” “Quem come a minha carne viverá em mim e eu nele”.
No próximo dia 04 é o dia do Padre. A motivação é a festa de S. João Maria Batista Vianney, lembrada no dia 04 de agosto, padroeiro dos sacerdotes. Dentro da Dinâmica do mês vocacional, este dia dedicado ao padre se celebra no primeiro domingo do mês vocacional. A vocação aqui recordada é a do padre diocesano e de todos os consagrados pelo ministério ordenado. A gente não tem dúvida, somente uma pessoa que tem Deus ao seu lado é capaz de realizar tantos feitos como celebrar a Eucaristia, pregar o Evangelho, acolher os pecadores, orientar e acompanhar como somente um pai pode fazer.
Um pai espiritual dado pelo Senhor para nos guiar no caminho da salvação
Ser padre não é uma tarefa fácil! Deixar tudo e entregar-se completamente nas mãos do Senhor pede vocação, força e fé. Muita fé. E é com esta fé e motivação, que celebramos solenemente neste dia 04 de agosto, em Mariana, na Catedral da Sé, os vários jubileus de nossos padres durante este ano.
O padre é um ser humano sujeito a tentações, fraquezas e também emoções e sentimentos. É claro que, em alguns casos, nem sempre os limites humanos são superados, mas a graça divina e a oração constante são a melhor ajuda para os momentos de dificuldade.
Este dia deve ser repleto de agradecimentos e louvor pelo padre que temos. Deve ser o dia de um abraço caloroso e fraternal, de um ‘muito obrigado’ sincero e de festa. Ter um padre em nossas comunidades é uma benção de Deus e isto precisa ser celebrado com muito amor e alegria. Felicidades a todos os padres em nossa Igreja e, e de modo especial, a todos os dedicados sacerdotes de nossa Arquidiocese. Que Deus sempre os abençoe e guarde, hoje e sempre!
“Ser padre é ser abençoado e verdadeiramente escolhido por Deus”.

segunda-feira, 27 de agosto de 2012


Vocação: Dom de Deus


“Não foste vós que me escolheste, mas fui eu quem vos escolhi.” Com estas palavras Cristo nos mostra o que é a vocação: dom, serviço e renúncia. A vocação nasce do coração de Deus Filho e implantada em nossos corações pelo Deus Espírito Santo.
O chamado de Deus ocorre de maneira espontânea e às vezes despercebida, na simplicidade. Temos a visão de um Deus que chama de maneira inusitada, estrondosa, mas ele usa de instrumentos simples para manifestar o seu chamado, seja no abraço de um amigo, no sorriso de uma criança. O Deus simples nos encanta e conquista.
O coração do vocacionado deve estar centrado, ligado ao coração do Mestre, coração que acolhe e gera vida. Vivendo o chamado somos chamados a discernir os projetos de Deus para nossa vida. Dizendo SIM ao sacerdócio, ao matrimônio, á vida religiosa ou à vida laical, vocações específicas que são seladas como o amor do coração de Jesus.
Vivenciando a vocação, nos comprometemos com o outro, tornamos responsáveis pela vida do irmão. O mundo secularizado necessita de homens e mulheres que se doam em favor do Reino e da expansão do Evangelho. Doação implica entrega, e deixar-se levar pelo amor de Deus, sendo disponíveis, praticando o amor e a igualdade.
Vocação é dádiva de Deus, e requer de nós atenção e comprometimento, pois engloba nossa vida, nossa existência. O vocacionado nunca deve viver só para si, mais entregar-se em prol dos irmãos.
Vocação se faz caminhando e ouvindo a voz do Mestre que diz: “VEM E SEGUE-ME!”

sábado, 25 de agosto de 2012

“Seguiu Jesus pelo caminho” (Mc. 10, 52)PDFImprimirE-mail

A passagem bíblica da cura do cego Bartimeu (Mc 10, 46-52), é de uma riqueza espiritual tamanha que muito nos auxilia na compreensão de nosso chamado vocacional.

Ela é na verdade um instigante convite ao seguimento de Cristo. O fervoroso convite: “Coragem! Levanta-te, Ele te chama” (v. 49) é o ponto central deste chamamento feito a cada um de nós. Este foi o tema do primeiro congresso vocacional realizado no Brasil, no ano 1999, onde se ressaltou a necessidade de se colocar no caminho com Cristo, anbandonando os “mantos” (v. 50) que nos acomodam e dar um pulo em direção à Jesus.
Devemos cada dia mais, ressaltar que o chamado de Deus em nossa vida independe de nossa atual situação e condição de miséria. Muitas vezes estamos “a beira do caminho” (v. 46), como se encontrava o cego antes de se encontrar com Cristo. E mesmo assim Cristo surge em nossa história nos retirando destas amarras, nos devolvendo a nossa dignidade, nos revestindo de coragem, para segui-lo no seu caminho. Contudo, nós que já estamos no seu caminho, precisamos nos recolocar no caminho de Cristo, pois muitas vezes vamos nos abeirando do caminho, ficando excluídos da comunhão com este Cristo que nos chamou.
É interessante perceber que este caminho indicado no final da passagem é apenas o início de um intinerário onde o seu fim e objetivo é a cruz e a paixão. O seguimento de Cristo exige de nós um discipulado que seja capaz de superar as dificuldades e obstáculos. Devemos seguir Jesus rumo à Jerusalém, ou seja segui-lo incondicionalmente.
Quando Marcos apresenta o cego Bartimeu como o modelo de seguidor de Cristo, deve-se muito a este dado do seguimento do Cristo, porém, do Cristo que se imolará em Jerusalém, onde acontecerá a plenitude de seu reinado na cruz.
Hoje, muito se precisa ressaltar este elemento fundamental do seguimento à Cristo: a sua cruz e paixão. Pois, corre-se o risco de buscarmos um seguimento de Cristo como algo puramente prazeroso e que vai me satisfazer humanamente, contudo, o seguir a Cristo é a exemplo de Bartimeu, deixar nos interpelar pela sua presença em nossa história, clamar sua compaixão sobre nossas misérias, deixar os muitos mantos que nos aprisionam e segui-lo decididamente rumo à Jerusalém, e lá estar disposto a nos configurarmos à Ele.
Eis o modelo do vocacionado autentico! Que não busca seus interesses e que coloca o seguimento e discipulado acima de toda qualquer realidade, por mais difícil que seja. Enfim, a “Cura do Bartimeu” nos ajuda na melhor compreensão de como devemos seguir alegremente Jesus pelo caminho, dando testemunho da nossa fé naquele que nos retirou “da beira” e nos concedeu a dignidade de nos assemelharmos à Ele.

sexta-feira, 24 de agosto de 2012


A vocação dos leigos na IgrejaPDFImprimirE-mail
Antes de entrarmos propriamente na vocação do leigo é importante ressaltar a evolução não apenas do termo, também ver o contato desse povo na ação como povo pertencente Igreja.
Sem deixar, aqui de ressaltar que a vocação dos leigos é o princípio ativo de toda a Igreja, é dela que parte as outras vocações, pois a vocação laical tem sua origem nos sacramentos do batismo e da crisma.
O cristão leigo tem o papel de libertar o mundo da secularidade, dos falsos ídolos e de todas as prisões que oprimem e destroem a pessoa humana. Vivendo no mundo como solteiro, casado ou consagrado (de maneira individual ou em instinto secular), os leigos são fermento na massa, sal e luz do mundo. Na vocação laical temos o estado de vida matrimonial. Chamados a ser pai, a ser mãe, a gerar vida, a constituir família. A família é chamada a constituir a Igreja doméstica.
No entanto, o leigo nem sempre teve sua ação participativa, na construção do reino  de Deus, aqui na terra. No percurso histórico do fiel cristão, encontramos no período dos apóstolos e primeiros mártires, a existência do sacerdote ministerial e também à aqueles que pertencente ao povo de Deus que não receberam a missão de Pastorear; todavia, todos os cristãos deste período, eram chamados,  juntos com os sacerdotes, a participar ativamente da missão da Igreja.
Antes de adentrar ao período da idade media, é importante ressaltar o significado da palavra leigo, para poder assim entender o porquê de seu significado ser  inicialmente um sentido negativo.
A palavra leigo, derivado do grego laikós que provém de  laos, significa  massa, ou seja, multidão, agregado social, aglomeração de gente. No grego clássico, o sentido do termo não é somente multidão, de povo, mas insinua-se que esse povo não é qualificado, é inferior, por isso distinto de seus chefes.
Deste modo os leigos, dentro da Igreja, pelo menos desde Tertuliano, adquiriu o sentido técnico de cristão não pertencente ao clero, ou seja, leigo é quem não tem ordens sacras! Excluídos da participação direta na vida e na ação da Igreja, limitando-se a apenas cumprir as ordens emanadas pela hierarquia.
Portanto, no período da Idade Média, diferente do período apostólico, o leigo, aquele que não recebia o sacerdócio ministerial, viram meros e silenciosos ouvinte; primeiramente, por ser a missa celebrada em latim e eles não conhecerem essa língua; também o fato de não ter contato com a Bíblia, e muitos não terem condição de ler.
Somente Com o concilio ecumênico Vaticano II, o leigo volta a participar diretamente da vida da Igreja, não é apenas um ouvinte, mais construtos do reino de Deus na terra, assim como nos primórdios do cristianismo, todos participavam na construção do reino de Deus.
É notório que o Concilio restaura o carisma da vocação laical dando um lugar central na Igreja, pois a define para o mundo. Outras vocações,segundo o concilio, não têm essa centralidade. O leigo tem carisma e função para libertar a secularidade do mundo, mediante o anúncio de Jesus Cristo, de modo a fazer com que o mundo tenha autonomia. Ele tem a missão de fazer com que o mundo entre em comunhão com o mistério que a Igreja representa.
Sendo assim, o leigo em nosso tempo é convidado a promover o bem comum, a ser fermento de santidade, testemunhando as riquezas de seu Batismo e Confirmação. Ele traz ao conjunto da Igreja a sua experiência de participação nos problemas, desafios e urgências do seu mundo secular, das pessoas, grupos sociais e povos, sem esquecer de defende a dignidade humana e seu direito a vida.

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

VOCAÇÃO RELIGIOSA


Partindo de uma realidade vocacional, há várias vocações específicas em meio a Igreja, povo de Deus.  Perante essa crescente vocação, a  Constituiçã0 Dogmática Lumem Gentium reserva o seu capítulo sexto para tratar diretamente dos religiosos.
A vida religiosa tem origem no primeiro milênio da Igreja e sua colaboração para vida da mesma é inquestionável. Com isso, procuraremos encontrar o seu lugar na Igreja e a sua colaboração para a santificação do povo de Deus. No primeiro momento tentaremos definir a vida religiosa, passando pela profissão dos conselhos evangélicos e tendo como modelo Cristo. E, por fim, abordaremos a contribuição destes para a Igreja e para o mundo.
O Direito Canônico assim define a vida religiosa: “A vida consagrada pela profissão dos conselhos evangélicos é uma forma estável, pela qual os fiéis, seguindo mais de perto a Cristo sob a ação do Espírito Santo, consagram-se totalmente a Deus sumamente amado, para assim, dedicados por título novo e especial à sua honra, à construção da Igreja e à salvação do mundo, alcançarem a perfeição da castidade no serviço do Reino de Deus e, transformados em sinal preclaro na Igreja, preanunciarem a glória celeste. Assumem livremente essa forma de vida nos Institutos de vida consagrada, canonicamente erigidos pela competente autoridade da Igreja, os fiéis que, por meio dos votos ou de outros vínculos sagrados, conforme as leis próprias dos institutos, professam os conselhos evangélicos de castidade, pobreza e obediência e, pela caridade à qual esses conduzem, unem-se de modo especial à Igreja e a seu mistério.” (Cân. 573).
Com a definição da vida religiosa devemos compreender qual a origem deste estilo de vida. Se observarmos um luz que perpassa um prisma veremos que ela refrange as cores do arco-íris. Analogamente, a luz do batismo nos impulsiona a viver as várias faces da vida de Cristo. A vida de filhos conferida no batismo nos obriga a corresponder a essa nova vida. Todavia, alguns são chamados a viver de forma radical as virtudes de Cristo, de maneira peculiar os conselhos evangélicos.
A vida terrena de Cristo – nos seus gestos e palavras – ilumina a vocação religiosa. A oferta de um amor virginal ao Pai manifesta a totalidade da sua entrega (cf. Jo 10,30). Este amor gratuito do Filho considera que tudo recebeu do Pai e para Ele tudo entrega (cf. Jo 17,7). Ele confia nas palavras do Pai, e por isso, procura correspondê-Lo em tudo se realiza na concretização da sua vontade (cf. Jo 4,34). Assim, o modelo de Cristo no celibato, na pobreza e na obediência se torna o caminho para aqueles que desejam se consagrar totalmente a Deus.
O Espírito Santo não cessa de suscitar nos fieis o desejo de reproduzir em si a vida de Jesus assumindo esse estilo de vida. Através da profissão religiosa, i. é, por meio dos votos ou outros vínculos sagrados o fiel se compromete publicamente de viver de forma estável os três conselhos evangélicos. Na caridade o consagrado se entrega a Deus com o coração indiviso, adotando a continência perfeita do celibato. Pelo voto da pobreza, fruto da liberdade interior, o religioso longe de qualquer apego se lança no amor a Deus e aos irmãos. Esta liberdade impulsiona o consagrado na obediência, onde deseja somente fazer a vontade do Pai, expressa pela Igreja e pelo superior do seu Instituto.
Por estado religioso entende-se os Monges e Monjas, os Religiosos e Religiosas, das Ordens, Congregações e Institutos Religiosos. O estado religioso, como afirma a Constituição, não faz parte da hierarquia e nem é considerado como estado intermediário. Todavia, é um dom especial onde quanto os clérigos e quanto os leigos podem usufruir em vista da santificação do seu estado.
A vida do religioso está relacionado com um carisma, i. é,  é um dom de Deus para o benefício da Igreja e da humanidade. Para tal, a Igreja, salvaguardando a integridade da fé e dos costumes, reconhece a autenticidade de um carisma e o reconhece como meio de santificação para o povo de Deus. O fundador de uma Ordem ou Instituto Religioso possui um carisma próprio onde manifesta o fruto da sua experiência no Espírito, conclui o documento Mutuae Relationes. A Igreja regula a prática dos conselhos evangélicos, a fim, de proteger e promover o Instituto segundo o espírito do fundador.
O Papa João Paulo II, na Exortação Apostólica Vita Consecrata, enfatiza que a opção pela vida religiosa é fruto do contato com as maravilhas de Deus. Assim, a experiência de uma vida transfigurada suscita admiração do mundo. A vida consagrada faz perceber a marca da vida trinitária na história, acentua o Papa.
Os religiosos devem, portanto, serem sinais da vida divina para os fieis e infiéis. Os conselhos vividos são sinais de contradição do mundo e ao mesmo tempo um convite a examinarmos. A perfeição da caridade, animada pela pobreza, castidade e obediência, é um aceno da vida futura vivida já aqui.
O religioso deve penetrar na sociedade com o seu testemunho evangélico. Cabe a eles o esforço para viver segundo seu estado e ao mesmo tempo aperfeiçoa-lo. Toda atividade do consagrado, por mais que não esteja diretamente em contato com a sociedade, edifica a cidade terrena, pois o testemunho suscita uma vida em Cristo. De tal modo, não podemos ignorar a contribuição dos religiosos para a formação do mundo ocidental. As grandes descobertas na área da medicina, agricultura, astronomia, direito, e os grandes feitos caritativos provém desta vida dedicada a Deus e ao próximo.
Apesar de toda realidade apresentada por este capítulo sexto vemos que a estrutura da Igreja é essencialmente hierárquica. O único legado de Cristo presente nos Evangelhos é a dos Apóstolos e dos discípulos. Como podemos entender a presença de religiosos na Igreja, visto que não é um desejo explicito do fundador da Igreja? Sendo que a Igreja vive dos sacramentos, qual a razão para haver religiosos leigos? Se o carisma é dado pelo Espírito num tempo determinado haverá necessidade de religiosos hoje?
Antes de responder aos questionamentos a cima devemos assumir como premissa a seguinte afirmação: todos os fieis, por razão do batismo, são chamados a santidade. Corresponder a graça filial é o maior empenho de todo cristão. Dessa forma, a sua dignidade consiste em ser chamado filho. Dentro do grupo de fieis podemos encontrar vários estados de vidas que possuem uma diferença funcional. Uma não deve contrapor a outra, mas colaborar na difusão e vivência da fé. A vida radical do Evangelho será sempre uma urgência, pois a fé não nos deixa numa passividade, mas num empenho de antecipar as realidades futuras. Deste modo, um grupo de fieis se unem ao redor de um carisma, através dos votos, para viver e servir o Evangelho de forma mais intensa.
Por fim, entende-se que a vida religiosa é uma busca por um seguimento mais radical de Cristo e tem como raiz a caridade que é o amor a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como o próprio Cristo viveu. O religioso, dessa maneira, se distingue na Igreja pela sua radicalidade evangélica e pela profissão.

quarta-feira, 22 de agosto de 2012


Saiba mais sobre vocação Sacerdotal.

1. O que significa falar sobre vocação sacerdotal no mundo contemporâneo?
    Significa apresentar aos jovens de hoje, uma pessoa, que é Jesus, o Mestre, que continua chamando-os ao ministério ordenado. Ter a coragem de falar dessa possibilidade vocacional, que não é retrógada, mas atualíssima.
    Lembrando que os jovens da pós-modernidade também tem sede e fome de Deus e de radicalidade no seguimento do Senhor. Apresentar uma mensagem desafiadora e atraente, cativante, um ministério exigente, mas alegre e bonito, cheio de alegrias e realizações humanas e espirituais. Falar-lhes ao coração de um chamado a transcender as meras realidades humanas que o mundo apresenta. Os nossos jovens gostam e esperam que sejamos testemunha dessa beleza que é a vocação, como nos afirma Bento XVI: “O testemunho suscita vocações”.
    2 - A configuração da sociedade pós-moderna apresenta desafios para se abordar esse tema, em especial com os jovens? Se sim, quais seriam os principais?
    Vivemos em uma cultura altamente relativista e subjetiva, na qual a tendência da juventude é enveredar-se pela mentalidade líquida e superficial. Portanto, nossos jovens estão cada vez mais com dificuldade de assumir compromissos duradouros, que exigem uma decisão radical e corajosa. Logo, falar de vocação nessas circunstâncias sociocultural e religiosa é desafiante. Podemos destacar entre os principais desafios:
    1. Encontrar jovens disponíveis a ouvir, ou melhor, a escutar, muito embora quando alguém os questiona com seriedade e fundamentos sólidos, de maneira individualizada, eles são capazes de escutar.
    2. O ambiente familiar e social dos jovens não favorecem a uma busca do sagrado, pois não os educam para a escuta. Além da diminuição do número de natalidade. Esse dado influencia muito na opção de um filho em ser padre, pois dado que favorece a cultura do egoísmo.
    3. Os comunicadores da mensagem vocacional precisam ter uma linguagem adaptada à realidade dos jovens, levando em conta as várias juventudes que temos hoje. Deve-se buscar uma pedagogia onde a mensagem seja atraente, dinâmica e criativa, sempre jovial, mas sem deixar de ser a mensagem de Jesus Cristo, com toda a verdade que ela comporta.
    4. A cultura capitalista, consumista, do descartável e do provisório, a difusão da mentalidade secularizada vai contra os valores do Reino e da vida, e consequentemente contra os conselhos evangélicos que o ministro ordenado é chamado, na alegria e liberdade viver. O senso de doação e de entrega por causas nobre perde força.
    5. A estima pública que tem o sacerdote na sociedade e na cultura atual está diminuindo, ou até mesmo marginalizada, sendo este um grande desafio para a promoção vocacional, ou seja, o desprestígio que, por diversas razões, enfrentam os sacerdotes e a vida consagrada em geral.
    2. Um recente documento elaborado pela Congregação para a Educação Católica – Orientações para a promoção das vocações sacerdotais – indica que a pastoral vocacional, apesar de estruturada e criativa, tem resultados que não correspondem ao empenho despendido. O que é preciso fazer para se ter uma pastoral vocacional forte e com resultados concretos?
      R. Esta é uma pergunta muito complexa, pois engloba muitos aspectos: desde uma promoção vocacional eficaz, dinâmica, criativa, chamativa, atrativa, propositiva e adaptada à diversidade das juventudes que temos hoje a uma consciência vocacional bem mais ampla do que a que ainda é realizada em grande parte no Brasil. Embora, ainda não é garantia de resposta totalizante. É preciso ver as questões que envolvem os jovens pós-modernos e não esquecer que o chamado é dom de Deus, é vocação, e não mera proposta dos agentes. Tendo isso em vista, pode-se garantir que a eficácia da pastoral vocacional está em grande parte fundamentada na oração da comunidade eclesial, que pede ao Dono da Messe que envie operário para a sua Messe.
      Desde o segundo Congresso Vocacional da Igreja no Brasil, realizado em setembro de 2005, temos falado de criar uma cultura vocacional na Igreja. Acredito que enquanto isso não estiver concretizado a resposta vocacional será ainda pequena. Outra linha de missão da Pastoral Vocacional, e, talvez uma das primeiras, é a família, conscientizar as famílias, que elas são as primeiras responsáveis pela vocação dos filhos. No número 3 do referido documento, fala da importância da comunidade em rezar pelas vocações sacerdotais. Ainda apresenta como meio para o crescimento das vocações uma evangelização paroquial que envolva a juventude de forma mais totalizante. Nesse aspecto a Igreja no Brasil está dando passos, mas ainda falta muito. Outro fator de grande importância e eu considero como o principal é o testemunho alegre e jovial dos padres. O testemunho dos próprios padres é o que mais encanta e atrai os jovens. O papa João Paulo II, em uma de suas últimas mensagens para o dia mundial de oração pelas vocações coloca três características como impactantes na promoção vocacional: a alegria dos consagrados ao ministério ordenado, a oração pelas vocações e o testemunho de comunhão.
      3. O documento também aponta: nos países de antiga tradição cristã a preocupante diminuição numérica dos sacerdotes, o crescente aumento da sua média de idade e a necessidade da nova evangelização esboçam a apresentação de uma nova situação eclesial. Quando falamos em Brasil e especificamente sobre a vocação sacerdotal, qual é o quadro que se percebe em nosso país?
        R. Pelas estatísticas do IBGE, a sociedade brasileira não demorará muitos anos a atingir a realidade que a Europa já enfrenta. Esta é uma situação que atinge não somente a população leiga, mas também aos clérigos. Portanto, a Igreja que tem uma preocupação maternal, busca ver todas as realidades de seus filhos. No Brasil está sendo causa de grande preocupação por parte da Igreja, e já está expressa essa inquietação nos documentos, vejamos do Documento de Aparecida, as Diretrizes para a Evangelização da Igreja no Brasil, os documentos sobre a formação do clero, os documentos finais dos Congressos Vocacionais, o documento final do Congresso Vocacional Latino americano e Caribenho, todos apontam para a necessidade de uma nova evangelização. Realmente é uma nova situação eclesial que vem surgindo. E os agentes da Pastoral Vocacional, bem com todos os formadores precisam estar atentos para não entrar em colapso eclesial, e consequentemente vocacional, ou vice-versa. Mais que nunca é urgente investir em um novo jeito de evangelizar cada pessoa e a cultura atual, ou as culturas. Do contrário, teremos muito em breve um clero minguado e velho para uma população velha. Embora, no Brasil o clero seja relativamente jovem, não podemos acomodar fiando nessa realidade.
        4. Uma pastoral mais integrada, ou seja, que não entenda a dimensão vocacional como um simples acréscimo de programações e de propostas, mas que torna essa dimensão uma natural expressão da vida da comunidade como um todo, pode ser um solo mais fértil para o florescimento de vocações maduras e conscientes, tanto laicais quanto religiosas?
          A pouca eficácia da Pastoral Vocacional não está em falta de atividades, embora, em algumas realidades eclesiais ao longo de nosso Brasil, falte empenho e programação, valorização deste serviço na Igreja, mas comumente não é esta a razão, pois nossas dioceses e paróquias, quase sempre apresentam multiplicidades de atividades vocacionais, até mesmo certo ativismo nessa área. Fui por seis anos coordenador da PV, SAV no regional Centro Oeste e na semana passado estive orientando um retiro de três dias para os agentes vocacionais do Regional Oeste II, e percebo que em grande parte os regionais tem trabalhos muito bonitos e bem elaborados. O que está faltando para que a promoção vocacional sacerdotal seja mais frutífera não são atividades, mas às vezes o jeito de fazer acontecer a promoção vocacional, diz-se da pedagogia e didática da pastoral vocacional. É necessária uma Pastoral mais integrada na realidade da comunidade, bem como na realidade das novas características de jovens, inseridos em um mundo de tecnologias e das novas mídias. Os agentes de pastoral vocacional precisam estar atentos a esta realidade.
          No segundo Congresso Vocacional do Brasil, muito se falou de interdisciplinariedade, transversalidade, pastoral de conjunto, de criar uma cultura vocacional, de vocacionalizar as pastorais. Principalmente esta dimensão. Faz-se muito necessário que em todas as pastorais, movimentos, associações eclesiais e em todas as comunidade e realidades eclesiais criem essa cultura vocacional. Acredito que a partir desta consciência a Pastoral Vocacional será mais eficaz. Obterá uma mais diligente pela sua esmerada missão. Essa realidade está na raiz mesma do termo IGREJA, assembleia dos chamados. Todos os batizados precisam tomar consciência de sua vocação na Igreja, quando isso acontecer, teremos vocações abundantes a todos os ministérios.

          Confira os 10 finalistas do 1º Festival Vocacional neste Sábado

          1º Festival Vocacional - SAV (Imagem Ilustrativa)
          Vem aí o 1º Festival Vocacional da Canção promovido pelo SAV - Serviço de Animação Vocacional da arquidiocese de Campo Grande. 
          Será dia 25 de Agosto, mês vocacional, no Salão da Paróquia Sagrado Coração de Jesus, com início às 18h.

          MúsicaGrupo
          ChamadoGeração do Fogo 
          ChamadoMissão Sede de Deus
          Chamado à Vocação                                      Nova Aliança
          Eu me ConsagroNossa Senhora Perpétuo Socorro
          Eu VouMinistério Aliança
          Guia-me SenhorMinistério Música Nova Unção
          Instrumento Teu Novum
          Peito AbertoFelipe Alves
          Raiz SagradaBaruque
          Sinal do Céu Ministério Jovens Sagrados
          ATENÇÃO: Confirme a participação no festival no prazo de 72 hs.
          Premiação
          3º Lugar: R$ 200,00
          2º Lugar: R$ 400,00
          1º Lugar: 01 Bateria, 01 Guitarra, 01 Violão e 01 Contra-Baixo
          Informações: 9647-025

          terça-feira, 21 de agosto de 2012


          Oração por uma feliz escolha de vocação
          Senhor, que queres que eu faça? Coloco-me diante de ti com a mesma Pergunta de São Francisco de Assis. Como ele desejo ser simples, humilde irmã de toda criatura. 
          Hoje venho louvar-te pela natureza toda: O sol, as plantas, a água, as aves, os animais, o homem, sinais de tua presença e de tua bondade imensa.
          Quero ser instrumento em tuas mãos para transmitir a paz neste mundo cheio de guerras e semear o bem onde há tanto ódio.
          Iluminai-me, Senhor, para que eu possa escolher o caminho que apontas para mim.
          Que eu possa imitar o Cristo, seguindo os Passos de São Francisco de Assis.
          Amém.

          segunda-feira, 20 de agosto de 2012

          A HIERARQUIA DA IGREJA



          O termo hierarquia pode ser definido como a graduação do poder entre as diversas e distintas partes ou qualquer classificação que tenha como base as relações entre um superior e seu súdito. Deste modo, a Constituição Dogmática Lumen Gentium, no Capítulo III, apresenta o mistério hierárquica presente no seio da Igreja Católica.
          Partindo de Cristo Cabeça da Igreja que é seu corpo, e que enviou os Apóstolos, assim como outrora fora enviado pelo Pai. O mesmo Cristo que revestiu os seus ministros de poder sagrado, afim de que fossem pastores da Sua grei até a parusia. Colocou Pedro a frente dos Apóstolos e nele instituiu o princípio fundamental perpétuo e visível da unidade de fé e comunhão.
          Faremos aqui uma analogia sobre a hierarquia para melhor entendermos sua funcionalidade. Quando se ouve falar de hierarquia logo vem à mente as divisões presente nas forças armadas e as suas diferentes e distintas ordenações e patentes. Tanto no Exército, quanto na Marinha e na Aeronáutica existem diversos postos de graduações que os distingue: Almirante, Marechal-do-ar, General-de-exército, Almirante-de-esquadra, Tenente-brigadeiro; General-de-divisão, Vice-almirante, Major-brigadeiro, sargento, cabo, soldado e recruta. No brasil, a constituição prevê que o Presidente da República exerça o comando supremo das Forças Armadas.
          Entretanto, não é o objetivo aqui falar de uma hierarquia meramente militar, ma sim eclesiástica - deixada por Jesus aos Apóstolos. Mas, uma pode contribuir com a outra, ou seja, se usada analogicamente. Primeiro é necessário distinguir: hierarquia militar da eclesiástica. A hierarquia militar é à base da organização das Forças Armadas que compõe a cadeia de comando a ser seguida por todos os integrantes das forças em sua estrutura organizacional, do qual o presidente exerce poder supremo. A hierarquia eclesiástica, por sua vez, usa o termo para referir-se aos membros da Igreja Católica que desempenham a função de governar na fé e guiar nas questões morais e de vida cristã dos fiéis católicos, do qual o Papa é o chefe supremo da Igreja visível.
          A Igreja Católica possui uma estrutura hierarquizada porque Cristo instituiu-a para "apascentar o povo de Deus em seu nome, e para isso lhe deu autoridade”. O Senhor Jesus chamou os doze Apóstolos e os constituiu sob a forma de Colégio, de grupo estável, cuja presidência entregou a Pedro. A missão desses doze é a de anunciar e deconduzir o povo. Assim, Cristo os enviou para que, com o poder a eles confiados, fizessem de todos os povos discípulos seus.
          Os bispos, sucessores dos Apóstolos, por sua vez, são os principais responsáveis por manter a fé genuína deixada por Cristo. Pois, aquela missão divina, confiada por Cristo aos Apóstolos deve permanecer até o fim dois séculos, quando Cristo vier em Sua Glória. Entretanto, a ação pastoral dos bispos não é individual, pois estão inseridos num corpo do qual existe uma cabeça.
          No intento de que o Episcopado continuasse unido, Cristo estabeleceu um dentre os doze –Pedro – para estar à frente dessa missão, do qual representa o fundamento perpétuo da sucessão Apostólica. Entende-se, então, que na Igreja existe um poder capital: representado pelo Colégio Episcopal e liderado por Pedro nas pessoas de seus sucessores, os Romanos Pontífices. Esse poder não é para oprimir, pelo contrário, seu papel primordial é o de servir.
          É através da Pessoa dos bispos, auxiliados pelos presbíteros, que Cristo, Pontífice Supremo, se faz presente no meio dos fieis. Por meio do seu ministério, Cristo continua a pregar a Palavra de Deus, administrando continuamente os sacramentos da fé e dirigindo e orientando seu povo.
          Portanto, pela consagração Episcopal, é conferida a plenitude do sacramento da ordem e, ao mesmo tempo, é conferido os três múnus que lhe são próprios por excelência, mas que, por sua natureza mesma, não podem exercer-se senão em comunhão com o Papa e com os membros do Colégio.
          Por disposição do Senhor, o Romano Pontífice, sucessor de Pedro, e os bispos, sucessores dos apóstolos, estão unidos entre si pelos vínculos de unidade, de caridade e de paz. O Colégio ou o corpo Episcopal não tem autoridade nenhuma se não está em unidade com o Papa. Isso tudo é fruto de um trabalho árduo em contraposição a heresias que surgiram no decorrer da história, que queria diminuir o poder temporal do Papa, como  o conciliarismo galicanismo.
          Nos Concílios Vaticano (I e II) foi confirmado que o Papa tem o poder pleno e universal sobre toda a Igreja. O poder que o Papa possui é de caráter capital: PLENO, SUPREMO E UNIVERSAL. Porém, os bispos, em comunhão com o Papa, exercem este poder supremo, mas nunca podendo realizar se não estiver em comunhão com o Sumo Pontífice.
          Como já elencado acima, o Papa é o sucessor de Pedro, e o princípio e o fundamento perpétuo e visível da unidade, quer dos bispos, quer da multidão dos fieis. Já o bispo é o princípio e o fundamento visível da unidade na sua Igreja particular, formada à imagem da Igreja universal; a partir das quais resulta a Igreja católica una e única. Por isso, cada bispo representa a sua Igreja, na sua própria diocese. Além disso, cada um governando bem a sua própria Igreja, porção da Igreja universal, que contribui eficazmente para o bem de todo o corpo místico de Cristo.
          Dentre os deveres principais dos bispos, sobressai à pregação do Evangelho. Quando ensina, em comunhão com o Papa, os bispos têm de ser considerado por todos, com veneração, como testemunha da verdade divina. Também é revestido da plenitude do sacramento da ordem, ou seja, é o administrador da graça do sumo sacerdócio, especialmente na Eucaristia que ele mesmo oferece ou manda oferecer, e pelo qual a Igreja vive e cresce continuamente. E, por fim, regem como vigários e legados de Cristo nas Igrejas particulares a eles confiadas.
          Os presbíteros, por sua vez, ainda que não tenha a plenitude do sacerdócio e dependam dos bispos no exercício dos seus poderes, estão unidos na dignidade sacerdotal comum e, pelo sacramento da ordem, são consagrados para pregar o Evangelho, apascentar os fiéis e celebrar o culto divino, como verdadeiro sacerdote do Novo Testamento. Assim, o ministério eclesiástico divinamente instituído, é exercido em diversas ordens pelos que desde a antiguidade são chamados Bispos, Presbíteros e Diáconos.
          Os Diáconos recebem a imposição das mãos não para o sacerdócio ordenado, mas para o ministério do serviço. Devem, portanto, servir o povo de Deus no serviço da liturgia, do cuidado dos doentes, da palavra e da caridade, em comunhão com o bispo e o seu presbitério. Cabe ainda a eles: administrar o batismo, conservar e distribuir a Eucaristia, assistir e abençoar em nome da Igreja aos matrimônios, levar o viático aos moribundos, ler a Sagrada Escritura aos fiéis, etc.
          Contemplando este mundo de submissão, de poder, “de divisão”, pode-se questionar sobre a índole hierarquia da Igreja Católica. Para os mais céticos, essa dimensão hierárquica não passa de um poder medieval, opressor, que tende a se fixar em seus dogmas ultrapassados. Muitas vezes a Igreja é acusada até mesmo de ser intolerante e rígida. Será que por traz do seu esquema de subordinação não se esconde certas imposições como no militarismo? Como entender um poder hierárquico que não gere uma opressão ou, até mesmo, não gere divisão entre seus membros?
          Enfim, o Senhor colocou Simão como pedra da Igreja e o constituiu pastor de todo Seu rebanho. Os bispos, por instituição divina, são sucessores dos Apóstolos, e junto com o Sumo Pontífice, a pedra de unidade e comunhão, são pastores da Igreja. Estes são pastores com o múnus de atuarem como mestres da doutrina, sacerdote do culto sagrado, e principalmente são os grandes responsáveis por guardar a fé genuína Católica.

          A vida é a nossa primeira vocação

           A Vida é a Nossa Primeira Vocação 
          Se eu não existisse
          Se eu não existisse, ninguém perceberia minha ausência. Mas, uma vez que existo, que nasci sem merecimento meu, cabe-me a responsabilidade de administrar bem esse dom que recebi gratuitamente. A vida é um dom, e com tal deve ser respeitada desde o seu início, no ventre materno, até o seu último instante.
          Antes de eu existir, Deus me conhecia e amava; por isso mechamou à vida. "Sim! Pois tu me formaste, tu me teceste no seio materno. Conhecias até o fundo do meu ser: meus ossos não te foram escondidos quando eu era formado em segredo. Teus olhos viam o meu embrião. Deus meu, tu me sondas e de longe penetras os meus pensamentos, meus caminhos todos são familiares a ti. Conheces minhas preocupações! Conduze-me pelo caminho eterno. Sou criação tua." (cf. Salmo 139).
          Eu não sou uma existência lançada ao absurdo. E Deus não cria em série. Cada um de nós é único diante dele. Ele é o artista que coloca na obra de suas mãos a mente e o coração.
          O chamado à existência é uma eleição de amor. O centro, o ponto de referência do meu existir, é Deus, meu criador.
          O amor de Deus dotou o ser humano de inteligência que é um reflexo da própria luz eterna e com a qual podemos ler no livro da criação as perfeições invisíveis de Deus (Rm 1,20). Dotou-nos de vontade livre que nos permite conquistar a nós mesmos, amar-nos uns aos outros e cuidar de toda a sua obra, a saber, os seres vivos e a matéria inerte, responsabilizando-nos pela conservação do meio ambiente pelo Qual Deus visa o nosso bem-estar e a preservação de todo o tipo de vida: animal ou vegetal.
          Deus não nos criou para a solidão, mas como membros da comunidade humana, daí o nosso dever de solidariedade para com todos, especialmente para com os mais pobres, doentes, injustiçados e os que perderam o sentido da vida. Todos são a menina dos olhos de Deus. Cada pessoa está, pois, envolvida e preenchida pelo amor de Deus que nos convida ao banquete da vida.
          Vocação cristã
          "Em qualquer época e em qualquer povo é aceito por Deus todo aquele que o teme e pratica a justiça. Aprouve contudo a Deus santificar e salvar os homens não singularmente, sem nenhuma conexão uns com os outros, mas constituí-los num povo, que o conhecesse na verdade e santamente o servisse ( LG 9 )". Este povo é chamado Igreja de Jesus Cristo. Ele nos revelou que Deus é Amigo, que Deus é Pai que nos ama com ternura. É a mensagem fundamental do Evangelho. E Deus tem um plano de amor sobre mim e sobre cada ser humano. Esse plano não é uma idéia ou um projeto, nem um programa de realizações. O plano de Deus é uma Pessoa: CRISTO. "Deus e Pai nos predestinou para sermos seus filhos adotivos por Jesus Cristo (Ef 1,5). E isso não em consideração a nossas obras, mas por livre determinação de sua vontade e benevolência (2Tm 1,9)".
          Meu chamado à vida recebe um sentido verdadeiro nessa segunda vocação em Cristo e na Igreja: a Vocação Cristã. Pelo batismo somos filhos por adoção. Com Jesus e em Jesus podemos chamar a Deus Abba, Pai! (Rm 8,15), Pai Nosso! O batismo nos faz membros de Cristo, morada da Santíssima Trindade e Templos do Espírito Santo.
          Vocação cristã quer dizer configuração com Cristo ressuscitado e participação de sua mesma vida.
          Vocação é chamado. Todos os que aceitam o convite de Jesus formam comunidade. Reúnem-se para a escuta da palavra de Deus, para a comunhão eucarística, para o serviço fraterno, para o socorro dos pobres, doentes e desamparados.
          Vocação universal à santidade
          Toda pessoa tem uma vocação, isto é, um chamado de Deus para se realizar e ser feliz Assim é que, por diferentes caminhos, ou diferentes estados de vida (casado, solteiro, consagrado ou sacerdote), todos são chamados por Deus à santidade e à plenitude da caridade. Vocação, por parte de Deus, é um mistério de chamamento e de eleição, e da parte da pessoa humana é um mistério de resposta e de seguimento de Jesus. Vocação não é uma escolha que se faz, como se escolhe uma profissão. Na vocação, Deus toma a iniciativa, sem contudo tirar a liberdade humana de responder de modo positivo ou negativo. É seu Filho, Jesus quem formula o convite a toda pessoa que se presta a escutá-lo: "Segue-me".
          Vocações específicas
          Para quem dá ouvidos a sua voz, o Senhor o convida a uma vocação específica:
          a) Vida Religiosa Consagrada - Refere-se a certos cristãos que vivem uma forma especial de seguimento de Jesus Cristo. Vivem em comunidade. Cultivam a oração. Meditam a Palavra de Deus, e participam na missão evangelizadora da Igreja com especial atenção aos que foram os preferidos de Jesus: pobres, pequenos, enfermos... Os que abraçam essa forma de vida, não se casam, vivem pobremente, e obedecem a regras e constituições próprias do Instituto a que pertencem.
          b) Vocação Sacerdotal - O Sacerdote ou Padre ou Presbítero é escolhido e ungido para ser pastor do rebanho de Cristo, a exemplo do Bom Pastor (Jo 10). Sinal da unidade eclesial participa intimamente da missão de Cristo que é animar a comunidade, anunciar a Palavra de Deus, celebrar a Eucaristia e a reconciliação, administrar todos os demais sacramentos e organizar os serviços da comunidade: catequese, liturgia, pastoral da saúde, pastorais sociais, etc.
          Para ser sacerdote é preciso sentir-se chamado por Deus e aceito pela Igreja. Trata-se de uma vocação muito especial que deve ser percebida de modo claro e cultivada carinhosamente, além de exigir a Ordenação Presbiteral, que é um dos sacramentos da Igreja. A exemplo de Cristo, os sacerdotes assumem a castidade, obediência e pobreza, buscando o desapego dos bens deste mundo, o amor gratuito e sem exclusividade e a libertação de ambições de poder e domínio. 
          c) Vocação Matrimonial - Para quem tem fé o matrimônio também é vocação: um chamado de Deus ao dom de si no amor recíproco e aberto à vida. Quem não tem fé, não tem como sentir-se chamado - pois desconhece o interlocutor divino que o chama - nem tem a quem responder. O casal humano tem a vocação de formar uma comunhão de vida no amor, seja para amparo mútuo, seja para a sobrevivência da espécie humana.
          d) Vocação do Leigo cristão - É todo homem ou mulher que por ser cristão engajado no mundo do trabalho e na sociedade atua aí como agente transformador. O leigo cristão comprometido com o Evangelho atua em todos os setores da sociedade. Essa tarefa lhe é própria, ninguém pode ocupar seu lugar, nem substituí-lo nessa evangelização.
          Conclusão
          Vamos juntos caminhar porque Deus nos escolheu, Cristo nos chamou, o Espírito de amor nos enviou. Aquele que se entrega ao Senhor semeia a dignidade e a paz. Tem muito mais amor, ternura no olhar, coragem para lutar.