domingo, 10 de março de 2013

Fraternidade e Juventude por D. Eduardo P. da Silva


Mais uma vez a Igreja do Brasil se dedica à reflexão sobre juventude na dinâmica de uma Campanha da Fraternidade. A primeira vez foi em 1992: “Juventude, Caminho Aberto”. Passados esses vinte anos a Igreja renova sua atenção pelos jovens com esta escolha envolvendo-nos neste tema tão querido e desafiador para a nossa missão.
Ao lado da motivação primeira do valor dos jovens enquanto “espaço teológico” – voz de Deus para os novos tempos, a Igreja intuiu que seria providencial, em contexto de Jornada Mundial de Juventude, abordar novamente o assunto. Impressionada e consciente do impacto da realidade atual, ao declarar em 2007 que a juventude “mora” em seu coração (cf. Doc 85, n. 1), oficializa, mais uma vez, sua opção afetiva e efetiva por ela. Se, por um lado, a JMJ tem um foco direto nos jovens, por outro, a CF quer atingir os adultos e nossas estruturas eclesiais e sociais. O “Ano da Juventude” está aí: repleto de motivações para uma verdadeira “conversão pastoral” a favor da Igreja e da Sociedade, por meio do protagonismo juvenil.
A atual “mudança de época”, carregada de valores e perigos, apoiada em uma complexa “cultura midiática”, pode gerar, rapidamente, uma defasagem, um distanciamento, um verdadeiro hiato entre gerações. O que está em jogo não é somente a questão das diferenças e processos naturais de desenvolvimento humano entre uma geração e outra. O impacto é grande e profundo, atingindo princípios, valores, visões. Surgem novos pensamentos, sentimentos e relações capazes de modificar a compreensão sobre a existência e a história, a fé e a Igreja, a sexualidade e o prazer, o namoro e os laços familiares, a miséria humana e a corresponsabilidade social, as opções vocacionais e profissionais, a educação e a saúde, os sacrifícios e renúncias, etc.
Longe de esta realidade nos assustar, precisamos – a Igreja e a Sociedade – compreender o jovem neste contexto e nos posicionar com firmeza, ousadia, otimismo e criatividade. Queremos “acolher os jovens no contexto de mudança de época, propiciando caminhos para seu protagonismo no seguimento de Jesus Cristo, na vivência eclesial e na construção de uma sociedade fraterna fundamentada na cultura da vida, da justiça e da paz” (CF 2013, n. 4). Contemplando a bonita história de nossa Igreja no Brasil, que sempre apostou nos jovens, ela quer, agora, com a CF, renovar o seu “sim” a Deus e a eles. Seus três “objetivos específicos” nos apontam para os desafios pastorais: contribuir com a relação profunda do jovem com Jesus Cristo necessária para amadurecê-lo em sua vocação e projeto pessoal de vida; valorizar os jovens em nossas Comunidades; sensibilizá-los para as questões sociais e capacitá-los no exercício de seu protagonismo diante delas.
Ao escolher o lema – “Eis-me aqui, envia-me” (Is 6, 8) – a Igreja manifesta a sua crença na capacidade do jovem de agir e reagir, acolher e servir, optar e renunciar, anunciar e profetizar. É a voz generosa, gratuita e profética do jovem que se coloca à disposição para, em nome de Deus e com Ele, ajudar a todos nós a navegarmos em águas profundas nesta realidade líquida com a qual ele se identifica e para a qual é enviado a evangelizar e transformar.
Celebrar a CF sobre a juventude no ano em que a dinâmica da CF comemora seu Jubileu de Ouro pode parecer, para alguns, mera coincidência. Queremos, no entanto, considerá-la, como uma “providência” divina. A jovialidade da nossa Igreja com todos os que dela participam passa pelo reconhecimento do valor e do significado que têm as novas gerações para os tempos atuais. A perene novidade que vem de Deus e é condição imprescindível para o desenvolvimento da História da Salvação encontra nos jovens a sua expressão, o seu olhar, o seu ardor, a sua voz... o seu coração. Deus tem sempre “novidades” para nós: os jovens que nos rodeiam e para os quais somos chamados a amar, servir, valorizar!
Dom Eduardo Pinheiro da Silva
Bispo Auxiliar de Campo Grande e Presidente da Comissão Episcopal para a Juventude da CNBB

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