domingo, 27 de maio de 2012

Vocação: Realidade Divino-humana



 
 
Do latim vocare (chamar), “vocação” implica um “chamado”, um “chamamento”, que envolve sempre e necessariamente, pelo menos, duas pessoas: a que chama, a que é chamada e deve responder.
 
Ao se falar de “vocação”, num contexto cristão, trata-se do chamado dirigido por Deus aos homens. Trata-se, portanto, de uma relação divino-humana, de um encontro provocado por Deus e que preenche um anseio profundo do coração humano polarizado que é para o coração de Deus.
 
Olhando o homem e a mulher, enquanto vocacionados por Deus, vamos apontar alguns elementos inerentes à vocação – seja qual for – esboçando-lhe assim a estrutura, mas apenas sob o ponto de vista de uma oferta divina a ser percebida e acolhida pelo homem, de uma proposta divina a exigir uma resposta comprometedora do homem.
 
Focalizando a vocação do lado de Deus, isto é, sob o prisma do que chama:
 
- Vocação: dom de Deus.
 
A vocação é um dom de Deus ao homem. Algo de inteiramente gratuito, que brota exclusivamente de Deus. Ele se manifesta aos homens, manifesta-lhes o seu plano de amor, seus desígnios, a sua vontade para todos e cada um. Faz-lhes um convite. Vocaciona-os. Confia-lhes uma tarefa. E age sempre livremente, pois se dirige aos homens, carentes de méritos, de força exigitiva, de crédito junto a Ele. Diante dEle somos só devedores! Ele nos amou, por primeiro, quando ainda éramos pecadores. De Deus, portanto, é o primeiro passo e sempre ao compasso de um coração livre, infinitamente sábio, magnânimo, amoroso e repleto de misericórdia.
 
- Vocação: uma proposta divina à liberdade humana.
 
            Deus, de um modo geral, não se impõe; Ele se propõe. Seu plano de amor, Sua vontade, Seu dom podem, infelizmente, não encontrar guarida no coração humano. Deus deixa ao homem a possibilidade de uma resposta, exigi-lhe mesmo uma adesão interior, comprometedora. A vocação não dispensa o homem de balbuciar um amadurecido sim, não o preserva do risco de dizer e manter um insensato não; antes, exige dele uma opção.
 
Focalizando agora do lado do homem, isto é, sob o prisma do vocacionado:
 
- Vocação: um saber ouvir e acolher da parte do homem.
 
Estar atento à voz de Deus é uma exigência vital para o homem. Escutar atentamente a Deus que se lhe manifesta e a sua vontade: na Criação; na História da Salvação; de modo pleno, total e definitivo, no Cristo, plenitude da Revelação e Consumador da obra salvífica de Deus; na Igreja, prolongamento visível de Cristo; na intimidade da consciência de cada um; nos sinais dos tempos; nas solicitações íntimas do Espírito... Escutar a Deus que assim lhe fala é uma tarefa ininterrupta para o homem. Deus não se cala, está sempre a sussurrar, de fora e por dentro, junto aos ouvidos e corações humanos. Todavia, a “poluição sonora” de milhões de outras vozes estão a neutralizar, no homem, a voz de Deus; são inúmeros os ídolos impregnando o coração do homem, fazendo-o pulsar num outro ritmo, alheio ao ritmo divino.
 
Assim, é necessário que o homem se empenhe na conquista ou reconquista do silêncio interior, retome o único ritmo que lhe convém: o da profunda sintonia com a “frequência” divina.
           
Vocação: uma permanente opção do homem.
           
Ao homem cabe uma resposta total, absoluta, incondicional, sempre renovada, ao chamado de Deus. Cabe-lhe a adesão que compromete a vida. Cabe-lhe um empenho sério de fidelidade à resposta dada. Mas, sem dúvida, é sob o impulso da graça divina que o homem responde, adere, permanece fiel. Com efeito, Deus opera e o homem coopera.
 
Ser ouvinte assíduo e atento de Deus, estar sempre disponível para prontamente acolher o convite divino, fiar-se sem reservas na graça divina que fortalece, empenhar-se sem medir esforços na tarefa humana de cooperar com a graça, assumir até o fim a própria vocação...eis o nosso desafio!

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