sábado, 1 de setembro de 2012


                É interessante fazermos uma reflexão sobre a Grandeza de nossa existência motivada por Deus-Criador. Deus nos chamou a vida e nos deu muitas e diferentes características a fim de nos desenvolver e chegar a realização plena. Cada pessoa sendo única, mas todos vamos necessitar da relação com o outro para o sustento de nossa forma de ser.
                Em nossas relações um elemento que se faz indispensável é a comunicação, pois ela é fonte básica no relacionamento e na unidade das pessoas. É também ela responsável pela transformação nos outros e também em nós. Ao se comunicar, nos expomos e apresentamos o que somos, e ainda nos colocamos abertos para receber o outro nas suas características.
                E segundo o filósofo contemporâneo Emmanuel Mounier, o mundo dos outros não é um jardim de delícias, pois cada um tem uma formação, uma forma de ser, características e defeitos diferentes, em fim, uma personalidade única. Conviver e se relacionar com esse diferente é uma  constante provocação à luta. É necessário fazer um jogo de equilíbrio onde se torna preciso impor e ceder. É preciso ir além, adaptar-se  e essa adaptação não acontece de uma hora para a outra, precisa de tempo.
                Na convivência deixamos transparecer o que somos e isso às vezes pode nos levar a fazer uso de máscaras a fim de não tornar conhecido o nosso interior. Nos refugiamos nos “porões” da impostura para fugirmos da verdade. Isso é dado quando somos incapazes de aceitar o que somos como nosso. Assim, buscamos nos esconder.
                Um inimigo da comunidade é o individualismo que é um sistema que organiza o indivíduo partindo de atitudes de isolamento e de defesa. O interesse do individualismo é o homem sem laços, sem amizades e sem amor, sendo indiferente ao outro. Assim, queremos dizer que a comunidade não é apenas uma justaposição de seres isolados ou independentes, porque a comunidade vai mais além do que o simples fato de se juntar pessoas e juntas desenvolverem tarefas... “ O pertencer a um grupo, o fato de estarem juntos, não dão automaticamente uma carteira de espírito comunitário.”
A comunidade só vai existir a partir do momento em que os seus membros se infundirem uns nos outros. Quando não forem mais cinco, dez ou vinte, mas um só espírito e pensamento. Assim, a comunidade não é um lugar onde as pessoas são "mortas" ou "apagadas", mas muito pelo contrário, é onde elas se promovem plenamente. O termo "nós" referente a grupo tem a conotação de agrupamento de individualidade um pouco impessoal. Já, o nós comunitário só se realiza a partir do dia em que cada um dos membros descobrir cada um dos outros como uma Pessoa, e evocá-la, trata-la como tal, compreende-la como tal.”Com isso, dizemos que se torna impossível fundar uma comunidade sem que seus membros não se tornem um. Como diz São Paulo na sua carta a comunidade de Corinto: “De fato, o corpo é um só, mas tem muitos membros: no entanto, apesar de serem muitos, todos os membros do corpo formam um só corpo.” São Paulo assim escrevia para expressar que a comunidade é uma, mas muitos e diferentes são os seus membros. Mas, infelizmente são poucas existentes pequenas comunidades (família, aldeia, comunidade de base,...) que conseguem assim viver ou ser.
Então, qual é a comunidade perfeita ou a ideal? Arriscamos-nos a dizer que é onde cada pessoa se realize plenamente na totalidade de sua capacidade. E o conjunto será formado pela conseqüência de cada particularidade. Os particulares, ou seja, as pessoas só podem e são unidas pelo amor, e não por um jeito forçado ou obrigado. O amor é algo espontâneo e leve, sem nenhum interesse vital ou econômico.
Na realidade, o que vemos e vivemos é o contrário. Quando vemos aumentar nosso espaço ou poder, já vamos distanciando dos demais, buscamos nos isolar. Já não nos preocupamos com o todo, mas exclusivamente com o nosso particular. Assim, passamos a não respeitar o espaço e vez do outro. Por isso, antes de se solicitar à capacidade máxima de cada um, é preciso formar a comunidade. Esta será sempre imperfeita, mas se fará constantemente. Quando no amor for sendo esculpido cada membro. A comunidade pessoal vai sendo determinada na relação. Mas sendo comunidades perfeitas não ocorreriam os conflitos, pois num plano espiritual, haveria uma colaboração natural dos membros da mesma. Todavia sabemos que isso não acontece que o conflito faz parte da vida comunitária, pois "...as pessoas não são puras: formam-se de indivíduos mais ou menos egoístas e anárquicos". Não estamos assim trabalhando com comunidade ideal, mas de certo modo com uma sociedade opressiva.
                Assim, queridos irmãos, a comunidade tem a obrigação de buscar o bem pessoal de cada membro. E também, a pessoa deve sacrificar sua individualidade à essência primordial da comunidade, sem é claro, negligenciar o que se é. Portanto, cada pessoa é formada por uma estrutura dinâmica onde está encarnada num corpo e onde também participa da história em um contexto numa perspectiva comunitária. Portanto, é comunidade onde cada ser humano tenha espaço para se realizar plenamente na totalidade de sua capacidade.

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